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Automutilação, doença silenciosa

Data: 17/10/2018 14:00

Autor: Tatiane de Barros Ramalho*

 

    imgVocê já ouviu falar na expressão “cutting”? Cutting é a palavra inglesa que significa coisa cortada, um fenômeno que vem crescendo entre a população jovem, que podemos definir como uma doença silenciosa, que envolve agressões diretas ao próprio corpo de maneira proposital.

    Pequenos cortes pelo corpo e a tentativa de escondê-los dos pais são os principais sintomas da automutilação, ou cutting, que é reconhecida como um transtorno mental desde 2013. O tema é atual e extremamente preocupante, pois vem crescendo entre a população jovem e, apesar do suicídio e da automutilação estarem associados, não são a mesma coisa, pois, a pessoa que se machuca propositalmente não tem a intenção de interromper a própria vida, mas sim de lidar com um sofrimento psíquico, produzindo lesões pelo corpo.

    Muitos acreditam que a automutilação tem como objetivo chamar a atenção, mas a verdade é que muitos jovens acabam experimentando e praticando pequenos cortes no corpo seguindo “tendências” ou “grupos de amigos”, no entanto, ao experimentar, acabam interrompendo a prática, devido à experiência dolorosa.

    Seja por sofrimento ou por tendência não podemos banalizar a automutilação, pois a mesma tem se expandido globalmente, sobretudo a partir do crescimento das mídias e redes virtuais de computadores, onde blogs e sites ensinam os praticantes, na sua maioria adolescentes, a se cortarem e postarem as fotos.

    Sabemos que a adolescência é uma época propícia para que determinados comportamentos que fogem à regra apareçam. Os jovens precisam aprender, desde cedo, a lidar com as questões humanas, as emoções e também as frustrações.

    Sendo assim, a família deve ficar atenta a sinais de cortes superficiais no corpo dos filhos, pois se a automutilação persistir é sinal de que o jovem vive um grande sofrimento emocional, buscando na dor do corpo “justificação” para a dor emocional.

    Adolescentes que praticam cutting sentem dor e buscam na automutilação um “analgésico” para a dor emocional, sendo o corte na pele um alivio para sensação de vazio, dor, angústia, raiva, problemas relacionados ao bullying, depressão, drogas, perdas, violência física, violência psíquica, violência sexual, ou seja, dores da alma, que não são curadas com remédios.

    Jovens que praticam automutilação têm a sua própria justificativa, porém, não podemos desprezar que existe um sofrimento a ser investigado e tratado, com ajuda da família e de um profissional.

    O papel da família é fundamental, apoiando e oferecendo compreensão, porém, muitos pais, ao tomar conhecimento da prática de automutilação, brigam e acabam afastando ainda mais o filho, sendo que o importante é reconhecer que a automutilação é um transtorno que precisa de atenção e cuidado específico, por meio de avaliação psicológica e psiquiátrica.

    A escola também precisa prestar atenção para esse tema e, ao perceber qualquer processo de sofrimento entre crianças e adolescentes, fazer a acolhida afetiva e comunicar imediatamente aos pais, sendo certo que tanto a família como a escola devem apoiar o indivíduo, buscando diálogo sem repressão.

    A comunicação eficaz dentro da família é importante para que o adolescente se sinta seguro, valorizado e confiante, sendo assim, percebendo que o adolescente está cortando o próprio corpo, procure dialogar e consequentemente ajuda profissional, não subestime a automutilação, pois em casos mais sérios pode avançar para o suicídio.

*Tatiane de Barros Ramalho é advogada, conselheira estadual da OAB-MT, presidente da Comissão de Infância e Juventude da OAB-MT, secretária do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente (Cedca) e membro da Comissão Nacional de Infância e Juventude do Conselho Federal da OAB.
 

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