O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, Francisco Faiad, voltou a cobrar das autoridades policiais e, consequentemente, também da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, explicações para as fugas que ocorreram no sistema carcerário do Estado. Ele lembrou que vários criminosos famosos e importantes acabaram deixando presídios e penitenciárias pela porta de frente ''sem que ninguém fosse exemplarmente punido". Ao mesmo tempo, cobrou a imediata remoção de João Arcanjo Ribeiro para uma penitenciária de segurança máxima.
O sistema penitenciário de Cuiabá tem um histórico das fugas, algumas batizadas como ''fugas milionárias'' considerável. Faiad lembrou que o próprio atual líder do Primeiro Comando da Capital, Marcos Camacho, o "Marcola", foi um dos que teriam saído caminhando pela porta da frente do Presídio do Carumbé. "Até hoje, não se chegou a qualquer resultado sobre quem facilitou a fuga" disse o presidente da OAB, certo de que existem pessoas que se beneficiaram com o esquema.
Até hoje a Secretaria de Justiça e Segurança Pública ainda tenta encontrar uma explicação para a fuga de Célio Alves. "Infelizmente, parece que investigar e adotar medidas rigorosas contra essas pessoas não tem sido a prática que deveria ser comum" acrescentou. Célio Alves é um dos criminosos que poderia em muito contribuir para esclarecer os assassinatos ocorridos em Cuiabá envolvendo a facção do crime organizado liderado por João Arcanjo Ribeiro. Outro que saiu andando acabou preso posteriormente, mas sem esclarecer como aconteceu a fuga foi o matador Hércules Agostinho, o "cabo Hércules".
No histórico das fugas suspeitas de contarem com a facilitação está também a do ex-empresário do ramo de garimpo, Márcio Martins. Considerado um dos homens mais perigosos em função de suas atitudes frias, Martins foi outro que saiu caminhando pela porta da frente da Penitenciária do Pascoal Ramos. O empresário sanguinário posteriormente foi assassinado. "São realidades que nunca foram esclarecidas. Pior: jamais se fez qualquer esforço para esclarecê-las" acentuou Faiad.
O presidente da OAB, por outro lado, cobrou do Governo imediata remoção de João Arcanjo Ribeiro para um sistema carcerário que ofereça maior segurança. Atualmente, Arcanjo é um preso da Justiça Federal que exige atenção redobrada. Francisco Faiad disse que o número de efetivos policiais que estão na Penitenciária do Pascoal Ramos para cuidar que Arcanjo não fuja é elevado. "O Estado está gastando muito com isso e o que é pior: a sociedade sente a falta de policiais nas ruas" disse.
Faiad observou que, na verdade, a Penitenciária do Pascoal Ramos só não passou agora por uma rebelião, em função das ações lideradas por Marcos Camacho, exatamente porque grande parte das forças de seguranças lá se encontram. Ao garantir que Arcanjo está seguro, o secretário Célio Wilson assinalou que o Estado está fazendo "o máximo" para garantir a segurança do criminoso. "Enquanto isso, a sociedade está a mercê dos criminosos nas ruas" frisou.