Mais uma vez, eis-me preocupada, buscando o sentido das causas e dos efeitos afim de redigir esta mensagem com base na Campanha da Fraternidade do presente ano, cujo Tema é "Fraternidade e pessoas com deficiência".
Paira-me então uma grande dúvida... Por que nos questionarmos a respeito da nomenclatura correta?!? Que importância teria chamarmos a alguns de "pessoas especiais" (todos somos especiais aos olhos de Deus), ou "pessoas portadoras de deficiência" (todos têm deficiências... todos!)
Quem seriam essas pessoas com deficiência?!? Seriam os cegos, surdos, mudos, os portadores de algum tipo de lesão ou invalidez física, ou deficiência mental; os que dependem de condições especiais para viverem. Todos, sem exceção, dependemos de alguma condição para (sobre) viver...
Na verdade, ao longo da história esses nossos irmãos/irmãs, além de sofrerem o pré-conceito da nomenclatura, sofrem (na pele) o pré-conceito da total exclusão social e de discriminação.
O tema desta Campanha da Fraternidade, tomado do evangelho de São Marcos (Jesus cura um homem da mão atrofiada), leva-nos a crer que aquele pobre homem era desprezado e deixado num canto por causa da sua condição. E Jesus ao curá-lo, restituiu-lhe a dignidade não só quanto à deficiência física, mas, dignidade moral, afetiva e social, eivada de valores até então à deriva de sua pobre vida.
Reflitamos então, irmãos e irmãs... Não estaria Jesus àquele tempo nos enviando (os ditos saudáveis e válidos) uma mensagem no sentido de tomarmos coragem e congregar a todos/as esses irmãos/irmãs a fim de que tomem o seu lugar "de direito na sociedade".
Por que deixar de lado os que têm alguma deficiência... Se, como dito alhures, todos a temos de uma forma ou de outra. "Temos sim, a intrínseca obrigação" enquanto irmãos na fraternidade -, de acolhê-los e valorizá-los, ajudando-os a se tornarem livres, apoiando-os fraternalmente em vista da sua inclusão social.
E, exatamente aqui se encontra a missão primordial de cada um de nós, membros das Comissões de Direitos Sociais desta Seccional, ou seja, acolhê-los, valorizá-los, mostrando-lhes e propiciando-lhes um mundo novo, livre, com total e irrestrito apoio fundamentado em pleno amor... Amor que se dá sem esperar nada em troca. Amor gratuito, amor sentido, amor amado...
Amar é tão fácil que ninguém aceita aprender...
Ainda hoje o exemplo e a palavra de Jesus continuam a nos desafiar para seguirmos os seus passos e exemplos no fazer, no criar, no deixar "rastros"...
Infelizmente a nossa cultura só valoriza o que é forte, belo, poderoso, os capacitados (mas, capacitados em que "Em discriminar" Em não respeitar o outro/a como ele é?)
Que esta Campanha da Fraternidade de 2.006 seja uma ocasião impar para que tomemos consciência sobre a realidade em que vivemos e que podemos tranquilamente, modificá-la com nossa indignação diante de tantos descasos e injustiças.
E, nesse tocante temos como cristal valoroso as nossas crianças e adolescentes e, em especial àqueles e àquelas que chegam até nós a fim de que possamos ajudá-los/as a abandonar o mundo que lhes fora apresentado em virtude da condição social que lhes fora imposta (mundo do desemprego, da fome, do crime, da infração, da mentira, das drogas, da prostituição, etc.).
E que, através da pureza de coração de cada uma dessas crianças e adolescentes possamos ser transformados e transformadores.
Oxalá Deus esteja conosco.