O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, afirmou hoje (25) que a conduta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse de ter escondido atos de corrupção no governo FHC descobertos por um membro de sua equipe, pode caracterizar, em tese, crime de prevaricação. ?Se o presidente Lula conhecia alguma imoralidade, seu dever era levar as informações a conhecimento do Ministério Público e das autoridades deste País".
Para Roberto Busato, se havia ilicitudes, o presidente da República não deveria tê-las omitido, tinha o dever de levar o caso a frente. "Não é crível que o presidente seja apenas vendedor de otimismo, pois foi eleito para administrar este País", afirmou o presidente da OAB, acrescentando que Lula deve "esclarecer e revelar os fatos, indicando nomes para que se verifique se ainda há possibilidade de abrir investigação e processo criminal".
A declaração do presidente Lula foi feita durante visita ao Estado do Espírito Santo. Em seu discurso, o presidente afirmou ter impedido, no início de seu governo, a divulgação de supostos casos de corrupção envolvendo privatizações realizadas no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ainda segundo o presidente Lula, ele teria ordenado ao "companheiro" de equipe que descobriu os supostos atos de corrupção a guardar para si as informações para não prejudicar o País. O "companheiro" mencionado por Lula seria o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, que confirmou o diálogo.
Busato afirmou, ainda, que o comportamento do presidente Lula não o surpreende. "Ele não tem dado a importância devida ao próprio cargo, pensa que ainda é líder sindical".
